A descoberta do Buda – Abandone suas tristezas

Sutra: Ó escravo do desejo, flutue acima da torrente. Ó pequena aranha, agarra-se à sua teia. Ou então abandone suas tristezas pelo caminho.

Osho: As pessoas acham muito difícil abandonar suas tristezas. De certa forma, na superfície, isso não parece certo. Por que as pessoas deveriam hesitar em abandonar suas tristezas pelo caminho?

Mas a coisa mais difícil que existe é você abandonar suas tristezas, porque você viveu com elas por muito tempo, você está muito afinado com elas, e viver com tristezas conhecidas parece tão aconchegante, tão confortável… – velhos amigos, e abandoná-los…? E de repente todas as suas paredes desaparecerão e você ficará sob o céu aberto, porque suas paredes consistem em nada mais do que suas tristezas. Sua prisão desaparecerá! – e você viveu na prisão por tanto tempo, durante tantas vidas, que aquilo se tornou seu lar.

Muitos detentos, quando libertados da prisão, estão de volta em três ou quatro meses; eles farão alguma coisa e voltarão para a prisão. Eu costumava visitar as prisões e perguntei a algumas pessoas que retornavam repetidamente à prisão: “O que acontece?”.

Elas diziam: “Quando saímos da prisão, é como se estivéssemos deixando o nosso lar! Vivemos aqui dentro tanto tempo e todos os nossos amigos estão aqui”. Certo homem disse: “Não somente meus amigos, mas toda a minha família está aqui! Lá fora sou apenas um estranho e começo a sentir saudade; assim, eu tenho de fazer algo e voltar”.

Depois que uma pessoa é presa, é muito raro que ela não retorne. Ela voltará novamente, porque a prisão dá certa segurança, certa proteção. Você não precisa se incomodar com nada, você não precisa se preocupar com o amanhã. Na hora certa, o almoço será servido; na hora certa, você irá para a cama; na hora certa, você será acordado de manhã. A vida é tão disciplinada… – como num mosteiro!

Na verdade, mosteiro e prisões não são muitos diferentes, só os nomes são diferentes. Os mosteiros são um pouco mais difíceis, eis tudo! As prisões são um pouco mais humanas. E nas prisões modernas, principalmente nos países desenvolvidos, é realmente bom morar ali, com televisão em cores e tudo mais!

O homem vem melhorando continuamente, durante séculos – ele melhorou suas prisões muito bem! Ele se tornou muito sofisticado, educado, civilizado – e isso não é nada mais do que simplesmente pintar as paredes da prisão, deixando-as belas. E agora, de repente, chega um buda e lhe diz “Venha para fora; abandone suas misérias, suas tristezas”?! Você não pode abandonar suas misérias e tristezas tão facilmente.

Eis por que as pessoas que deixam o mundo, que renunciam ao mundo, criam novas misérias por conta própria. Se não há mais ninguém para criar misérias para elas – se você não tem uma esposa para criá-la, se não há ninguém para apoiá-lo na sua miséria – você mesmo a criará. As pessoas estão dormindo em camas de pregos… Ora, nenhuma esposa as preparam, elas mesmas é que se esforçam para isso! As pessoas estão jejuando, quase se matando. Ora, ninguém está lhes fazendo isso, é ideia delas mesmas.

Os ascéticos são autodestrutivos; eles são suicidas, masoquistas, pervertidos, mas são adorados. Eles são adorados, porque criam suas próprias misérias! Você cultua as pessoas como santas, como mahatmas, se elas criam suas próprias misérias. Elas deviam ser internadas em asilos de loucos, deviam ser tratadas! Elas precisam de cuidados médicos. Não são mahatmas, são simplesmente masoquistas. Elas renunciaram ao mundo, mas não podem renunciar à miséria; assim, começam a criar suas próprias misérias. E quando uma pessoa cria miséria para si mesma, todos vocês a respeitam. Foi-lhes ensinado que isso é algo grandioso: ela está sacrificando sua vida por Deus.

Deus não é um sádico. Ele não se regala com suas misérias e suas tristezas. Não seja tolo, não seja estúpido! Mas a razão é que as pessoas não podem abandonar suas misérias. Elas podem renunciar ao ouro e aos palácios e ao dinheiro e ao poder; elas podem renunciar a tudo, mas quando chega a hora de renunciar às misérias, isso se torna a coisa mais difícil que já encontraram, porque as misérias têm estado com vocês por tanto tempo, que você não conhece nenhum outro estilo de vida. O único estilo de vida com o qual você se acostumou é a tristeza.

Raoni Duarte: As pessoas possuem uma grande dificuldade em compreender que toda tristeza é fruto de uma crença. E toda tristeza se origina da mesma crença: a crença de se estar separado de Deus, do Todo, do amor incondicional.

E somente a partir dessa crença é que você pode experienciar qualquer tipo de tristeza, pois, caso você esteja consciente que é Um com a Fonte, caso você se sinta Deus, é simplesmente impossível que a tristeza te pegue.

Só que existe um pequeno detalhe: nós estamos encarnando em uma dimensão propícia para experienciar a sensação de separação há milhares de anos. E como se não bastasse, nós estamos em um planeta onde a roda gira a partir da ideia de separação.

O principal programa que sustenta a matrix é exatamente o da falsa sensação de separação. E a lógica é simples: uma guerra só pode acontecer se as pessoas de ambos os lados acreditarem, de verdade, que estão separadas entre si. Nós só deixamos uma pessoa morrer de fome porque acreditamos, realmente, que ela está separada de nós, caso contrário, ninguém permitiria uma situação como essa.

Então foi exatamente quando você caiu na tentação da separação, exatamente no momento que entrou na matrix, que você deu início a um círculo vicioso de tristeza que se perpetua até hoje. No exato momento que você se sentiu separado de Deus pela primeira vez, no exato momento que você se desconectou do amor, você plantou a primeira semente de tristeza. E como toda semeadura é acompanhada por sua colheita, você colheu sua primeira safra de tristeza.

E foi exatamente por não perceber que a tristeza colhida é o fruto da sua crença na separação que, ao receber sua tristeza, ao invés de olhar para dentro e observar, você a vibrou novamente dando início ao padrão repetitivo.

Acontece que não é somente você que está fingindo estar separado da Fonte, esse é o comportamento padrão da humanidade terrestre. E isso corresponde a dizer que experienciar a tristeza se tornou algo completamente comum para todos os humanos, tão comum, que acabamos entrando na ilusão que ser triste é normal.

E ao considerar normal, nós caímos na armadilha de achar que nossas tristezas são frutos de uma obra inevitável do destino, que não importe o que se faça, mais dia ou menos dia, elas irão bater a nossa porta. E trata-se de uma armadilha, pois, caso a tristeza bata a sua porta, pode ter certeza que você, primeiro, a convidou para sua morada, ou seja, você a vibrou.

E compreender que toda tristeza é fruto de uma crença não quer dizer que você deva fingir que não está triste, que você deva ignorar o que está sentindo. Tomar essa consciência é justamente aproveitar os momentos de tristeza para observar a sua causa raiz, para enxergar quem em você está emanando tristeza.

Então o primeiro passo para abandonar suas tristezas é compreender que você é o responsável por elas. A tristeza não é uma obra do destino, não é um fato inevitável, nada disso; a tristeza é a resposta a um sentimento de desconexão emanado de uma consciência que se enxerga separada de Deus.

E se existe alguém triste dentro de você, a transformação só poderá ocorrer através da alegria. E isso corresponde a dizer que você não pode sentir raiva da sua tristeza, não pode se culpar por ela, não pode negá-la. O que é preciso fazer é se olhar com os olhos amorosos da consciência, os olhos que enxergam além da ilusão.

Busque conhecimento, emita amor, seja luz!

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