A descoberta do Buda – Além dos julgamentos

Sutra: A mente além dos julgamentos observa e compreende.

Osho: Não considere o que é certo e o que é errado, porque, se você considerar o que é certo e o que é errado, você ficará dividido, você se tornará um hipócrita. Você fingirá o certo e fará o errado. E, no momento em que você considera o que é certo e o que é errado, você fica preso, você se torna identificado. Você certamente ficará identificado com o certo.

Por exemplo: você vê uma nota de cem dólares na beira da calçada; ela pode ter caído do bolso de alguém. Então surge a questão: pegá-la ou não pegá-la? Uma parte sua diz: “Está perfeitamente certo pegá-la. Ninguém está olhando, ninguém mesmo suspeitará. E você não está furtando – ela está bem ali! Se você não a pegar, outra pessoa irá pegá-la de qualquer modo. Assim, por que perdê-la? Está perfeitamente certo!”.

Mas outra parte diz: “Isso está errado – este dinheiro não te pertence, não é seu. De certo modo, de um modo indireto, é um furto. Você deve informar à polícia, ou, se você não quer se incomodar com isso, então, siga adiante e esqueça. Nem ao menos olhe para trás. Isso é ganância, e ganância é pecado!”.

Agora, essas duas mentes estão presentes. Uma diz: “está certo, pegue-a”, a outra diz: “está errado, não a pegue”. Com qual das duas você vai se identificar? Você vai certamente se identificar com a mente que diz que é imoral, porque isso satisfaz mais o ego: “Você é uma pessoa moral, você não é qualquer um; outra pessoa qualquer teria ficado com a nota de cem dólares. Nesses tempos difíceis, as pessoas não pensam em tais delicadezas”. Você se identificará com a mente moral. Mas há toda possibilidade de você pegar o dinheiro. Você se identificará com a mente moral e se desidentificará da mente que vai pegar o dinheiro. Lá no fundo você a condenará. Você dirá: “Isso não está certo – é o pecador em mim, a parte mais baixa, a parte condenada”. Você se manterá distante da coisa. Você dirá: “Eu era contra isso. Foi meu instinto, foi meu inconsciente, foi meu corpo, foi minha mente que me persuadiu, pois eu sabia que era errado. Eu sou aquele que sabe que aquilo foi errado.”

Você sempre se identifica com o certo, com a atitude moral, e se desidentifica do ato imoral – embora o faça! É assim que a hipocrisia surge.

Ir além dos julgamentos de bom e ruim é o caminho da observação. E é através da observação que a transformação acontece. Essa é a diferença entre moralidade e consciência. A moralidade diz: “Escolha o certo e rejeito o errado. Escolha o bom e rejeite o ruim”. A consciência diz: “Simplesmente observe os dois. Não escolha nada. Permaneça na consciência sem escolha”.

Raoni Duarte: Aproveito a oportunidade para advogar a favor da mente.

A mente é nosso motor de propulsão, é a nossa força yang. Para que você levante e comece a andar, um comando da mente foi disparado; para que você leia essas palavras, um comando mental se faz necessário. Sem ela não conseguiríamos nos locomover, sem ela, seríamos inanimados.

E ela por si só não tem poder de criação, é preciso que um estímulo aconteça, é preciso que uma ordem seja dada – aí sim ela entrará em ação. Essa é a questão: de onde estão vindo as ordens?

Todos nós temos uma parte Luz e uma parte sombra; e ter uma parte sombra não quer dizer que estamos fadados a negatividade, quer dizer que existe uma parte de nós que ainda não reconheceu sua Luz. Nossas atitudes conscientes, sustentam e ampliam nosso coeficiente de Luz, assim como nossas atitudes inconscientes, sustentam e ampliam nosso lado sombra.

Nossa consciência é baseada no amor, já nosso inconsciente, no ego.

Uma mente controlada pela consciência, é uma mente controlada pelo amor. E onde há amor, há compreensão, aceitação, acolhimento – nunca o julgamento. Quanto mais você conseguir observar, quanto mais você conseguir ir além dos julgamentos, mais informação você terá, e, consequentemente, mais expandida sua consciência se tornará.

Já uma mente controlada pelo ego é uma mente julgadora, é uma mente cheia de medos, de traumas. Assim que o primeiro pensamento vier, o ego entrará em ação com sua pré-opinião, a observação se cessará, e você estará envolvido com aquele pensamento novamente. Se você permitir que isso aconteça, estará navegando no “de sempre”, sem crescimento, sem expansão – apenas a repetição de padrões criados pelo ego.

Gautama – como sempre – é preciso ao dizer: “A mente além dos julgamentos…”, pois, isenta a mente da culpa, e aponta o ego (julgamento) como o verdadeiro responsável pela não observação, pela não compreensão.

Busque conhecimento, emita amor, seja Luz!

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7 respostas

  1. “Ir além dos julgamentos de bom e ruim é o caminho da observação. E é através da observação que a transformação acontece. Essa é a diferença entre moralidade e consciência. A moralidade diz: “Escolha o certo e rejeito o errado. Escolha o bom e rejeite o ruim”. A consciência diz: “Simplesmente observe os dois. Não escolha nada. Permaneça na consciência sem escolha”.”
    Me parece impossível aplicar isso na vida prática, porque de fato é necessário decidir entre as opções e depois agir de acordo com a sua decisão. Ou você pega o dinheiro no chão ou não pega, você não vai ficar eternamente observando o dinheiro no chão. Na vida prática devemos tomar decisões o tempo todo, e nossas decisões são baseadas naquilo que achamos certo e errado.

    1. Boa tarde Felipe! Enquanto você estiver buscando uma resposta, uma solução, estará limitado e suscetível à essas armadilhas da mente; no momento em que você observar de maneira pura, sem buscar uma resposta, o caminho se mostrará de uma maneira tão clara que nem vai ser visto como uma escolha, e sim como algo tão natural quanto respirar.

      1. Diogo, então o que se quer dizer é que quando se atinge um nível de consciência mais elevado, deixam de surgir em nossa mente julgamentos e conflitos em relação ao certo e errado e passamos a agir apenas de forma correta naturalmente?
        Eu penso que aquilo que é correto é a atitude altruísta, sempre buscando o bem de todos os seres e não apenas o próprio bem em detrimento do bem dos outros (egoísmo). Pra mim consciente é quem consegue se manter sempre altruísta, pois eu acho que essa é a forma correta de se levar a vida. Pode-se inclusive observar que todos os seres que são vistos como santos e iluminados são absolutamente altruístas e todos os seres que são vistos como monstros tiveram atitudes deixando de lado o bem dos outros seres ou até mesmo buscando causar o mal a outros seres.

        1. Boa tarde a todos.
          Felipe, gostaria de expor oq entendo por observacao e nao julgamento, de forma que possamos nos esclarecer, assim espero um retorno amoroso tb 🙂 .
          Bom, no caso da observação desprovida do ego , ela em si significa ação, “toda observacao sem o ego eh uma ação em si” nao só no sentido interno, mas externo tb, então, não significa que uma observação de um fato fique soh na observação, pois isso seria ficar paralisado intelectualmente. Quando se observa sem ego e logo em si os carrega a ação, Nessa observacso nao existe condenação, nao existe julgamento do certo e do errado, na observação se encherga o falso e o verdadeiro, a verdade eh o amor, e eh por os que os santos ao Longo das eras eram altruistas, nao por uma “ideia” de certo e errado, pois toda mente calculista carrega em si o julgamento, mas sim pq na observação sem o ego, se encherga o falso.
          Creio que estamos entupidos de normas e regras de ética, e.devido isso ser tão cultuado pela educacao e “pensadores” acabamos aceitando.
          Gostaria de ressaltar que nao Estou livre do ego, estou no mesmo barco que todos.
          Vlw 🙂

          1. E ai Bruno. O que seria estar livre do ego? Eu penso que elevação e melhoria tem a ver com se tornar virtuoso, bondoso, inteligente, sábio e feliz, mas acho que sempre teremos um ego.

    2. Acho que é bem por ai mesmo, acredito que os impulsos tb podem ser acionados com base nos nossos medos, seja de uma memória ancestral ou aplicado por estimulos sociais. Eu ja ate me reparei fazendo alguma ação, a qual me questionei, ate logo a após da ação podendo ainda reverter para o que seria mais amoroso a fazer, percebendo o julgamento e meio que, mesmo forçado, não aplica-lo.

      1. Eu observaria a nota com ela na mão e decidiria o que fazer com ela. Simples assim. Não roubei nem vi como a nota foi parar ali. Então com a nota na mão se eu estiver precisando do dinheiro eu emprego caso eu não esteja precisando posso ajudar alguém.

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