A descoberta do Buda – Na floresta vazia

Sutra: Mesmo na floresta vazia ele encontra alegria, porque ele não quer nada.

Osho: Todos os grandes valores da vida crescem no clima da liberdade; desse modo, a liberdade é o valor mais fundamental e também o mais elevado pináculo. Se você quer compreender Buda, terá de saborear algo da liberdade da qual ele está falando.

A liberdade dele não está do lado de fora. Ela não é social, ela não é política, ela não é econômica. Sua liberdade é espiritual. Por “liberdade” ele quer dizer “um estado de consciência livre de qualquer desejo”, desembaraçado de qualquer desejo, não-prisioneiro de qualquer ganância, de qualquer anseio por mais. Por “liberdade”, ele quer dizer “uma consciência sem mente”, um estado de não-mente. A mente está completamente vazia, porque, se houver algo, isso impedirá a liberdade; por isso o completo vazio.

Essa palavra “vazio” – shunyata – tem sido muito mal compreendida pelas pessoas, porque a palavra tem uma conotação negativa. Quando ouvimos a palavra “vazio”, pensamos em alguma coisa negativa. Na linguagem de Buda, vazio não é negativo; o vazio é absolutamente positivo, mais positivo do que suposta plenitude, porque o vazio está cheio de liberdade: todo o resto foi removido. Ele é espaçoso – todas as fronteiras foram abandonadas. Ele não tem fronteiras – e somente num espaço sem fronteiras a liberdade é possível. O vazio de Buda não é o vazio comum, ele não é apenas a ausência de algo; é a presença de algo invisível.

Por exemplo, quando você esvazia seu quarto. À medida que você remove a mobília, os quadros e as coisas que existem lá dentro, o espaço se torna vazio por um lado; mas, por outro lado, algo invisível começa a preenche-lo. Essa invisibilidade é “espacialidade”, amplidão; o quarto fica maior. À medida que você remove as coisas, o espaço vai se tornando cada vez maior e maior. Quando tudo é removido, até as paredes, então o espaço fica tão amplo quanto o céu.

Esse é todo o processo de meditação: remover tudo; remover-se tão totalmente a ponto de não sobrar nada – nem mesmo você. Nesse completo silêncio está a liberdade. Nessa completa quietude cresce o lótus de mil pétalas da liberdade. E uma deliciosa fragrância é liberada: a fragrância da paz, da compaixão, do amor, da bem-aventurança.

Raoni Duarte: Assim como o “vazio”, o “não querer nada” de Buda também precisa ser compreendido.

Quando dizemos que uma pessoa não quer nada da vida, queremos dizer que essa pessoa não está interessada em nada, que não quer trabalhar – uma vagabunda. Ou então, pensamos em alguém sem ambição, com pensamentos e sonhos pequenos. O que nos vêm à cabeça é algo negativo, um comportamento tido como fora do “normal” da sociedade.

O não querer nada da vida de Buda quer dizer: não precisar de nada externo para se sentir completo. A felicidade, a plenitude de Buda, é oriunda de dentro, é um estado de espírito – não tem nenhuma relação com o cenário em que ele se encontra.

Quando vemos alguém em uma mansão, cheia de carros de luxo, pensamos se tratar de uma pessoa rica, feliz. Quando vemos alguém em uma casa humilde, rodeada de escassez, pensamos se tratar de alguém pobre, triste. E ambas análises não levam em conta o que a pessoa, de fato, está sentindo, qual é realmente o seu estado de consciência. São análises baseadas somente no externo, no cenário em que ela está inserida.

E é essa a forma de pensar do humano terrestre: atribuir a riqueza, a felicidade, a partir do externo, a partir das coisas que a pessoa “possui” e não daquilo que ela sente, do padrão de pensamentos e sentimentos que ela emana.

A felicidade de Gautama, o Buda, vem de dentro, do sentimento de unificação com o Todo. Você sempre verá um Buda em belos cenários, em lugares ricos em natureza, no entanto, esses cenários serão o reflexo de um estado interior, de uma felicidade genuína, que espelhará no externo a beleza interna que se faz presente.

Buda não quer nada de fora, pois, tudo que necessita para viver já está dentro dele. Toda felicidade, toda prosperidade, toda bem-aventurança, já estão disponíveis no centro do seu ser, no estado de consciência onde não há mais espaço para separação.

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